A enxaqueca e a cefaleia são distúrbios frequentemente crónicos que têm um impacto considerável no indivíduo e na sociedade.
Especialmente a enxaqueca, com uma prevalência de quase 15% em todo o mundo, é uma causa significativa de deficiência e sobrecarrega notavelmente os custos médicos e a perda de produtividade.
Embora existam várias práticas de tratamento para transtornos de cefaleia e enxaqueca, nenhuma é ideal e a maioria exibe eficácia insatisfatória. Atualmente, não há tratamentos farmacológicos disponíveis desenvolvidos especificamente para esses distúrbios.
Os métodos atualmente usados originaram-se como tratamentos para outras indicações e foram considerados úteis na enxaqueca por acaso.
Considerando que a enxaqueca é uma das condições de dor mais intensas e incapacitantes conhecidas, a urgência das circunstâncias levou os profissionais de saúde e os pacientes a tentarem remédios incomuns ou experimentais.
No entanto, os pacientes com enxaqueca às vezes não respondem também aos métodos mais experimentais usados na prática clínica.
Um tratamento controverso, mas cada vez mais relatado, é o uso de triptaminas psicoativas, como a psilocibina. Alguns estudos, bem como extenso suporte anedótico, indicaram a eficácia das triptaminas psicodélicas para o tratamento de enxaquecas.
Essas substâncias são estruturalmente semelhantes aos triptanos atualmente prescritos para o tratamento da enxaqueca. Mesmo assim, os triptanos não psicoativos prescritos não abortam os episódios de enxaqueca como a psilocibina supostamente faz.
Um estudo exploratório liderado por pesquisadores da Yale School of Medicine, descobriu que uma única dose de psilocibina pode reduzir a frequência da enxaqueca em 50 por cento por pelo menos duas semanas.
O ensaio preliminar foi pequeno, com trabalho de acompanhamento necessário para validar os resultados, mas as descobertas promissoras sugerem grande potencial para psicodélicos no tratamento de enxaquecas e cefaleias.
Os cientistas começaram a investigar se a psilocibina, a principal substância responsável pelos efeitos psicodélicos dos cogumelos mágicos, poderia ser útil para aqueles que sofrem de enxaqueca.
Suas novas descobertas, publicadas na Neurotherapeutics, fornecem evidências preliminares de que a droga pode fornecer benefícios terapêuticos de longa duração para quem sofre de enxaqueca.
Relatórios não-oficiais têm circulado por anos dizendo que a psilocibina diminui os sintomas da enxaqueca, mas há poucas evidências científicas para apoiar as afirmações. A pesquisa recém-publicada é o primeiro estudo duplo-cego controlado por placebo a examinar se a psilocibina afeta a enxaqueca realmente.
“Como médica especializada em dor de cabeça, vejo a necessidade de uma melhor compreensão dos distúrbios da dor de cabeça, incluindo a enxaqueca, e a necessidade de mais opções de tratamento. Também estudei a neurofarmacologia dos psicodélicos por vários anos e aprecio sua capacidade de nos ajudar a entender mais sobre o funcionamento do cérebro humano”, explicou a autora do estudo Emmanuelle AD Schindler (@eadschindler), professora assistente de neurologia na Yale School of Medicine.
Bob Wold estava tão desesperado para tratar suas cefaleias crônicas que passou duas décadas experimentando 70 medicamentos prescritos e procurando uma solução.
Como relatou Katherine Ellison do Washington Post, Wold finalmente encontrou alívio em uma fonte improvável, os cogumelos mágicos, que contêm psilocibina.
Wold, de 65 anos, disse a Ellison que experimentou cefaleias por 40 anos. Para Wold, isso significava suportar uma dor de cabeça de uma hora quatro ou mais vezes ao dia.
