A princípio, a prática de tomar uma microdose de uma substância como o cogumelo mágico ou LSD pode ter até relação com a evolução do ser humano, de acordo com a teoria do símio chapado, de Terence McKenna.
O mesmo autor também teoriza que a jornada do homo sapiens pode ter iniciado com primatas coletores e caçadores tomando pequenas doses de cogumelos mágicos com o intuito de melhorar suas habilidades de caça, como descreve em O Alimento dos Deuses.
James Oroc
Segundo o autor James Oroc, propõe que a prática de tomar microdoses está ligada à melhora da acuidade visual, energia e tempo de resposta, especialmente entre os praticantes de esportes que exigem muita concentração ou esforço físico.
“Virtualmente, todos os atletas que aprendem a utilizar o LSD em doses psicolíticas (baixas a médias) acreditam que o uso desse composto melhora sua energia e suas habilidades”, escreveu Oroc na edição de primavera de 2011 da MAPS Bulletin.
Em suma, ainda que seu interesse não seja em questões como melhoria na prática de esportes e concentração.
Inúmeras pesquisas e experimentos ainda corroboram que microdoses melhoram a sensação de bem-estar no geral e ainda aliviam condições como depressão e dores de cabeça.
E ainda há debates que demonstram que as microdoses são poderosas ferramentas no auxílio a resolução de problemas, como esse tópico sobre microdosagem no Reddit.
Melhorias na sensação de bem-estar, foco e emoções
De acordo com o Doutor James Fadiman, Ph.D, que foi parte de um grupo de pesquisadores da Califórnia que estudaram o uso dos psicodélicos na resolução de problemas em 1966, foi concluído que os efeitos da microdosagem aparentam melhorar tudo o que você faz um pouco.
Muitas pessoas disseram que ficaram mais confortáveis com o que estão fazendo, e ainda fazendo um pouco melhor sob o efeito da substância.
Em seu livro “O Guia do Explorador Psicodélico” um adepto do uso de microdoses relata que uma dose de 10 a 20 microgramas de LSD age como um estimulante e um agente calmante.
De acordo com a experiência, microdoses parecem aumentar a inteligência, tempo de resposta e acuidade visual e mental além de aumentar o foco, abrir o coração, entre outros resultados positivos integrados na rotina.
Foco e clareza para a criatividade
À primeira vista, para músicos, escritores e artistas no geral que trabalham com a criatividade, esse foco e claridade ampliados podem ser especialmente benéficos.
“O que as pessoas relatam sobre a realização de seus trabalhos criativos é que eles não estão criando em um nível mais elevado, mas eles estão criando mais, eles ficam na inspiração por mais tempo”, afirmou Fadiman.
O autor também coletou dados sobre microdosagem de um tópico sobre doses baixas de LSD no bluelight.org.
Segundo Fadiman, dois escritores notáveis utilizaram doses sub-limiares de psicodélicos enquanto escreviam os primeiros rascunhos de todos os capítulos de seus livros mais recentes. Incrível, não é?
Posteriormente, através do seu trabalho com um grupo chamado Clusterbusters®, Fadiman entrou em contato com um número de pacientes que sofrem de dores de cabeça e tiveram alívio de sua condição através do uso de LSD e cogumelos depois que todos os outros tratamentos falharam.
Administração de microdoses
Embora as doses que os pacientes utilizam para curarem suas dores de cabeça são geralmente altas para serem consideradas sub-limiares, Fadiman mencionou um paciente que utilizou uma microdose de LSD para se livrar de uma dor de cabeça e conseguiu resultado positivo em cinco a dez segundos.
O usuário atingiu o mesmo resultado diversas vezes nos meses seguintes e desde então, suas cefaléias cessaram.
Outros participantes da pesquisa também relataram a Fadiman que microdosagens aliviaram não só seus quadros clínicos de depressão mas também doença de Parkinson.
Microdoses são o futuro da medicina?
Em conclusão, as microdosagens podem ser uma alternativa viável para estabilizadores de humor e podem ser tão efetivas quanto um anti-depressivo em longo prazo.
Sobre os efeitos energizantes e de foco, as substâncias podem também se tornar um substituto confiável para medicações anti-TDAH e outros farmacêuticos melhoradores da cognição.
Da mesma forma, diversos participantes do estudo afirmaram que microdosar os auxiliou a largar medicamentos antidepressivos, contra ansiedade, estabilizadores de humor e melhoradores cognitivos.
Seguindo essas informações, Fadiman disse que está esperançoso que doses sub-limiares de psicodélicos irão atingir os benefícios desses medicamentos sem seus efeitos colaterais negativos e perigosos.
Ele adicionou, entretanto, que todos os estudos oficiais nessa área terão que ter lugar nas universidades, por que “as indústrias farmacêuticas não vão comparar seus produtos com algo que é 1) ilegal e 2) que pode ser melhor”.
O descobridor do LSD
Albert Hofmann, o químico suíço que descobriu o LSD, é conhecido por ter sido um proponente da microdosagem como uma alternativa para a droga estimulante anti-TDAH chamada Ritalina (também conhecida como “a droga mais abusada nos EUA” pelo site AddictionHope.com).
É muito provável que Hofmann, que microdosava com LSD com frequência nas últimas décadas de sua vida e considerava essa prática a área de pesquisa psicodélica a menos pesquisada, consideraria que doses sub-limiares de psicodélicos seriam um substituto viável para anfetaminas anti-TDAH recentes como o Adderall ou Vyvanse.
Ambas possuem efeitos colaterais muito perigosos, entre elas, estão problemas de sono crônicos, arritmia cardíaca, problemas sexuais, agressividade, ataque cardíaco, pressão sanguínea elevada, problemas na respiração, risco de aneurisma – somente para citar algumas.
Embora as pesquisas até o momento tenham indicado que microdosar não é perigoso ou prejudicial, por outro lado, alguns pacientes de Fadiman reportaram efeitos desagradáveis.
Um deles parou com a prática pois sentiu que estava ficando muito emotivo, enquanto outros dois observaram que suaram mais em dias que microdosaram. Ambos os pacientes que reclamaram do suor excessivo – um utilizou LSD e o outro cogumelos mágicos – não tinham certeza se o suor era parte da cura ou um efeito colateral negativo.
Produtividade elevada e sensação de calma
De acordo com um desses dois participantes, ele afirmou que estava maravilhado com a produtividade elevada e sensação de calma que ele obteve com a microdosagem, enquanto o outro achou a prática útil, porém ficou incomodado com o suor excessivo.
Fadiman adicionou que microdosar parece dar às pessoas uma orientação melhor sobre elas mesmas.
“Eu acho que é um pouco parecido com a maneira com que as pessoas lhe indicam que se você meditar de manhã, fazer yoga e comer melhor, sua vida vai melhorar. Parece que microdosar segue nessa direção”.
Ainda que a microdosagem não gere as mesmas catarses espirituais da maneira que dosagens mais elevadas de psicodélicos conseguem fazer, com o tempo, a prática produz efeitos muito mais semelhantes aos efeitos pós-experiência de tais catarses.
Segundo o relato de alguns usuários, depois de um mês ou mais de microdosagem, eles observam estar comendo melhor, sendo mais interativo com a família e controlando melhor as frustrações além da sensação de “estar vivendo mais no presente”.
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